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Para comemorar conosco os três anos de funcionamento da Oficina, convidamos tod@s @s interessad@s a visitarem a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, campus Pampulha, Belo Horizonte - MG, nos dias 7, 8 e 9 de abril próximo.

A programação completa do evento, que pode ser conferida abaixo, contará com conferências, oficinas e minicursos, além de uma exposição fotográfica e do lançamento da nossa primeira publicação, os Cadernos de Paleografia: Número 1.

Conferência de Abertura: Desafios para a escrita de Histórias da África (séculos XVI-XVIII) - Fontes, metodologias e perspectivas

Thiago Henrique Mota*

7 de abril, terça-feira, 19h

Auditório Prof. Luiz Bicalho (1º andar)

* Doutorando em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista FAPEMIG, a qual o autor remete seus agradecimentos.

 

Nesta conferência, abordarei três desafios que considero fundamentais na escrita de Histórias da África: 1) fontes a serem utilizadas e domínio de diferentes idiomas para não reduzir as pesquisas ao campo de representações sobre África em comunidades linguísticas europeias; 2) metodologias adequadas a fontes de diferentes procedências sociais, políticas, nacionais e temporais; e 3) perspectiva do historiador enquanto agente observador política e historicamente comprometido com seu objeto de pesquisa: qual ponto de observação ele elege para analisar e escrever a história, uma perspectiva africana ou estrangeira sobre as sociedades daquele continente? Considero essas questões importantes porque as considerações que se fazem a partir delas nos habilitam a analisar as historicidades africanas enquanto tal ou a perceber as sociedades daquele continente como apêndices de histórias de outros povos, empoderando-as ou atribuindo-lhes a condição de sujeitos pacientes. Em outras palavras, permite-nos escrever História da África ou do Império Português na África; dos interesses mercantis africanos ou das Companhias Majestáticas de Comércio; das religiões e religiosidades africanas ou das missões europeias na África. Embora tais desafios se apliquem a várias regiões e temporalidades na historiografia africanista, nesta conferência considerarei a bacia da Senegâmbia entre os séculos XVI e XVIII como recorte privilegiado de análise. Minhas conclusões apontam para a necessidade de definição clara do objeto: é preciso que os pesquisadores tenham consciência da perspectiva que adotam em seus trabalhos, reconheçam e utilizem a diversidade linguística de fontes e percebam a diferença entre três campos de pesquisa que, por vezes, são misturados e confundidos na historiografia brasileira interessada em África: a história do Império Português, da escravidão e do negro na América e a História da África, propriamente dita.

 

Palavras-chave: História da África, fontes, conceitos e metodologias, perspectivas.

Lançamento - Cadernos de Paleografia: Número 1

7 de abril, das 16h às 18h

Biblioteca Central - Espaço de Leitura (1º andar)

O principal objetivo da Oficina de Paleografia - UFMG, desde a sua criação, em abril de 2012, é reunir subsídios para a leitura de fontes manuscritas pertinentes à História luso-brasileira. Pretendemos, então, consolidar um espaço permanente de estudo, discussão, exercício e troca de experiências no trabalho em arquivos e na leitura e transcrição dessas fontes.

 

Desde a nossa fundação, realizamos mais de setenta encontros semanais, contando com uma média de 30 participantes de diferentes cursos da UFMG e de outras instituições de ensino. Reunimos, então, o material dos nossos dois primeiros anos de atividade, na intenção de apresentar ao público um pouco da dinâmica dos nossos encontros e da riqueza das discussões que nossos convidados e oficineiros nos proporcionam. Assim, em uma iniciativa conjunta com a Imprensa Oficial de Minas Gerais, lançamos o primeiro número dos Cadernos de Paleografia, um audacioso projeto que revela os enlaces entre três diferentes dimensões — manuscrito, transcrição e narrativa histórica — caminhos estes que nem sempre estão claros no fazer historiográfico.

 

A obra conta com os textos de André Cabral Honor, Carmem Marques Rodrigues, Mateus Frizzone, Emilly J. O. Lopes Silva, Marileide Lázara Cassoli, Carlos O. Malaquias, Gusthavo Lemos, Cássio Bruno de Araujo Rocha e Marcus Vinícius Duque Neves e prefácio do professor do Departamento de História da UFMG José Newton Coelho Meneses.

 

Essa realização não seria possível sem o inestimável apoio da Imprensa Oficial de Minas Gerais, que generosamente acolheu nossa proposta de publicação, inserindo-a como mais uma iniciativa de democratização da informação e difusão da história e cultura de Minas Gerais, projetos levados a cabo por esse órgão desde a sua fundação, em 1891. A equipe da Oficina agradece imensamente pela grandiosa oportunidade viabilizada por essa parceria.

A Semana da Oficina de Paleografia será a última oportunidade para obter um exemplar da publicação,  cuja tiragem está quase esgotada.

Exposição - Desvendar o humano pela escrita do homem

A partir de 7 de abril, 16h

Biblioteca Central

No ofício do historiador, a leitura e a transcrição paleográfica são fundamentais pelo seu caráter propedêutico: o de possibilitar o acesso direto às fontes de pesquisa, sem depender da publicação de transcrições e/ou comentários. É sabido e muito discutido que se deve considerar todo documento como ao mesmo tempo verdadeiro e falso: verdadeiro enquanto produto de uma época, falso enquanto portador de uma intencionalidade que não pode ser deixada de lado. Segundo Carlo Ginzburg, “os historiadores [...] têm como ofício alguma coisa que é parte da vida de todos: destrinchar o entrelaçamento de verdadeiro, falso e fictício, que é a trama do nosso estar no mundo” (GINZBURG, 2007: 14). 

 

O documento histórico pode ser lido como um produto de um determinado contexto que o forjou de modo a passar, conscientemente ou não, um rico campo de relações, ideias e representações sobre si à posteridade. Fundamental ao ofício do historiador, o documento é um objeto de disputa em torno de uma ampla e complexa construção de discursos em torno dele, que lhe atribuem sentidos mutáveis ao longo do tempo. É, frequentemente, objeto de polêmicas. “O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de força que aí detinham o poder. Só a análise de documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa” (LE GOFF, 2008: 536-7). Essa questão acerca da natureza monumental dos documentos adquiriu novos contornos na medida em que surgiram correntes que valorizavam a autenticidade dos documentos e desenvolveram mecanismos de verificação da mesma.

 

Nota-se que a noção de documento se ampliou muito com a Escola dos Annales, o que não significou, de forma alguma, o abandono do documento escrito, sequer a perda de importância do mesmo. Os escritos foram produzidos por um grande número de sociedades humanas e também na maior parte dos períodos históricos, proporcionando, dessa forma, vestígios para que sejam analisados pelos historiadores do presente. Como afirma José Newton Meneses, no prefácio dos Cadernos de Paleografia, a leitura paleográfica “é umbilicalmente ligada a uma utilidade humanista precípua: desvelar o mundo através da manipulação criativa e criadora desse próprio mundo, conhecer o homem pelos feitos do próprio homem. Desvendar o humano pela escrita do homem é a raiz da Paleografia” (MENESES, 2014: 16).

 

A pesquisa realizada a partir de manuscritos não deve se limitar à pura e simples leitura e transcrição, mas considerar os documentos para a construção da História. Então, enquanto fontes, esses manuscritos devem ser discutidos, contextualizados, explorados para além do que está escrito, inquiridos e pensados a partir de diversos ângulos de pesquisa. No entanto, qualquer tentativa de contextualização e reflexão histórica sobre uma fonte manuscrita está necessariamente impedida, se se pretende como teórica e metodologicamente aceitável, de prescindir de uma análise cuidadosa do conteúdo e forma em si daquele manuscrito. Dito de outra forma, não há leitura crítica sem a leitura elementar – o risco desse divórcio é perder o próprio caráter histórico da análise, que passa a ter o mesmo valor de narrativas não-científicas, como a literária e os manuscritos produzidos em épocas passadas não são automaticamente acessíveis e inteligíveis aos olhos contemporâneos.

 

Pensando nessa importância dos manuscritos para a pesquisa histórica e na dificuldade de acesso ao que neles está escrito, a Oficina de Paleografia – UFMG, uma iniciativa discente, comemora com esta exposição seu 3º aniversário, apresentando ao público alguns fac-similes de manuscritos analisados em nossas atividades e que hoje integram o primeiro número dos Cadernos de Paleografia

Minicurso Básico - Introdução à Paleografia Portuguesa Moderna

8 de abril, 14h às 18h

Auditório Prof. Luiz Bicalho (1º andar)

Este minicurso pretende oferecer uma introdução aos princípios da paleografia e da diplomática portuguesa, exercitando a habilidade de ler e compreender manuscritos da época moderna. Destina-se especialmente a iniciantes na leitura de manuscrito e àquelas pessoas que desejam frequentar os encontros semanais da Oficina pela primeira vez.


No ofício do historiador, a leitura e a transcrição paleográfica são fundamentais, primeiramente, pelo seu caráter propedêutico: o de possibilitar o acesso direto às fontes de pesquisa, sem depender da publicação de transcrições e/ou comentários. Além disso, podem se constituir como campo de atuação profissional e como fonte de renda para aqueles que as dominam.

 

Este minicurso se destina, portanto, a estudantes e profissionais ligados à área de História, além de outras áreas que trabalham diretamente com fontes manuscritas em língua portuguesa produzidas entre os séculos XVI e XIX, com diferentes níveis de experiência.

Abordaremos, através de exemplos práticos, as principais dificuldades na leitura paleográfica, expondo as técnicas utilizadas bem como possíveis recursos para auxiliar na compreensão do documento. Trabalharemos ainda, sucintamente, noções de braquigrafia, ou seja, dos sistemas de abreviações.
 

Palavras-chave: Paleografia, Diplomática, manuscritos; pesquisa histórica.

 

Carga-horária: 4h/a.

Minicurso 1 - A magia da iconologia: teoria e prática de análise de imagens*

Kellen Cristina Silva**

Luíza Rabelo Parreira***

7, 8 e 9 de abril, das 9h às 13h

Auditório Prof. Baesse (4º andar)

** Doutoranda em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista CAPES.
*** Graduanda em História na UFMG. Bolsista FAPEMIG.

 

Para um profícuo trabalho no campo da História Cultural é necessário que o historiador se abra à interdisciplinaridade e às variadas fontes existentes. Nessa perspectiva, uma das disciplinas aliadas da História é a História da Arte, justamente porque uma tênue linha separa os estudos formais dos estudos iconológicos de representações imagéticas, que podem ser analisados perfeitamente pelo campo da História.

 

O minicurso deseja possibilitar aos estudantes uma visão simplificada da teoria iconológica e seu uso dentro da História Social da Cultura, uma vez que uma obra de arte é um documento com inúmeras possibilidades de “leitura”. É justamente essa “leitura” que pretendemos dar ao objeto artístico. As ausências e as permanências de símbolos e elementos diversos em determinados esquemas iconográficos demonstram como os homens lidavam com os mais variados temas e situações em seus épocas. As imagens, monumentos e outras formas diversas devem deixar de lado o simples papel de ilustração e se tornarem fontes históricas aptas a responder ao historiador.

 

Destarte, o minicurso tem como objetivo proporcionar a visualização da imagem como uma importante fonte de estudos culturais, demonstrando os caminhos que podem ser traçados para tal. A iconologia será esmiuçada, da teoria à prática, demonstrando além de sua contribuição para a pesquisa histórica, suas falhas. São nessas falhas que temos que nos ater, para que não haja interpretações equivocadas e distorcidas da realidade que gerou as fontes imagéticas.

 

Palavras-chave: iconografia, iconologia, imagem, História da Arte, pesquisa histórica.
 

* A participação neste minicurso é opcional e não está incluída na inscrição de ouvinte. A inscrição no minicurso tem o custo de R$10,00 e está condicionada à existência de vagas.
 

Carga horária: 12 h/a.

Minicurso 2 - Análise de redes sociais: possibilidades metodológicas para os estudos históricos*

Mateus Rezende de Andrade**

Rodrigo Paulinelli de Almeida Costa***

7, 8 e 9 de abril, das 9h às 13h

Sala F2080

** Mestrando em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista FAPEMIG.

*** Doutorando em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista CAPES.

 

O princípio de que relações sociais podem ser resumidas na noção de redes vem de uma longa tradição nas ciências sociais e humanas. Georg Simmel e Norbert Elias figuram entre os primeiros a utilizarem-se sistematicamente do conceito de redes sociais. Para Georg Simmel, a sociedade não é um aglomerado de homens; constitui-se da reciprocidade relacional entre eles.  Gerados por inúmeros motivos e interesses, estes vínculos mútuos determinam naturezas diversas de associações, que em última instância constituem o objeto da sociologia. Norbert Elias também descreveu a gênese da sociedade advinda da perpetuação de relações mútuas entre os atores sociais. Conceito central em seu modelo interpretativo é o de “processo civilizador”. Para ele, a mudança “civilizadora” incide na maior interdependência das ações sociais, tornando-as organizadas, precisas e rigorosas. 

 

A Análise de Redes Sociais (ARS) esenvolveu-se a partir dos trabalhos pioneiros de sociometria de J. L. Moreno e de análise situacional de J.A. Barnes. Na antropologia o conceito de rede social foi “primeiramente” desenvolvido pelo antropólogo britânico Radcliffe-Brown, que caracterizou “a estrutura social como uma complexa rede de relações sociais existentes realmente entre os seres humanos”. É uma metodologia muito utilizada na Sociologia e Antropologia que, nos últimos vinte anos vêm ganhando destaque nos mais diversos campos da pesquisa em História. 

 

Parte importante do método é a elaboração das matrizes e dos gráficos. Estes gráficos diferem daqueles seriais, mais conhecidos, por não apresentar uma linearidade modulada pelo tempo. Cada matriz e seu gráfico correspondente equivalem a um instantâneo dos relacionamentos de um grupo. O gráfico é formado por nódulos (que representam as unidades), linhas (que representam as relações) e setas que indicam o sentido das ligações. De acordo com o tipo de gráfico utilizado, os desenhos e cores dos nódulos variam, o que também ocorre com o cumprimento das linhas, de forma a dar um significado visual ao que foi expresso na matriz pelo pesquisador. 

 

A ARS centra sua atenção sobre os laços entre indivíduos, grupos e organizações, em diferentes escalas, tendo por pressuposto básico que atores e suas ações são interdependentes, e que os diversos tipos de laços entre os atores são canais para fluxos de recursos materiais, informacionais e sociais entre os atores, tendo por objetivo central identificar e interpretar padrões de laços sociais (parentesco, amizade, relações de poder, troca, crédito, etc.) entre os atores. 

 

Partindo de algumas convenções notacionais, a ARS permite novas formas de representar e analisar alguns dos objetos e problemas centrais das ciências sociais e da História: a estrutura de grupos sociais, comunidades, organizações, mercados, relações de poder, fluxos de migração e mobilidade, etc. Porém, os historiadores (ao contrário dos cientistas sociais) raramente têm utilizado os conceitos, técnicas e ferramentas informacionais específicas desta metodologia. Assim, as redes sociais são amplamente mencionadas e utilizadas na historiografia, mas, sobretudo como uma metáfora e não como objeto de estudo.

 

Objetivos do minicurso:

 

Objetivo Geral: Apresentar aos alunos os desenvolvimentos formais da metodologia de Análise de Redes Sociais, introduzindo conceitos elementares e desenvolver conjuntamente atividades que os faça perceber a importância de análises qualitativas a partir de procedimentos quantitativos.

 

Objetivos específicos:

- Fazer com que os alunos compreendam e saibam aplicar em suas pesquisas os conceitos de ator, laço relacional, relação social, díade, tríade, grupo, subgrupo, rede social.

 

Além do conhecimento destes conceitos, é esperado ao final do minicurso que os alunos aprendam a utilizar algumas medidas específicas da ARS como: centralidade e densidade de rede.

 

Dinâmica:

 

O minicurso é dividido em dois momentos. Em um primeiro, apresentaremos a metodologia, assim como toda a parte teórica que perpassa o seu entendimento. Em seguida, aplicaremos tudo aquilo que foi apresentado, ensinando aos alunos como utilizar os softwares (Pajek e UCINET). Por fim construiremos junto a eles uma rede, para que eles possam visualizar e treinar tudo aquilo que foi ensinado.

 

* A participação neste minicurso é opcional e não está incluída na inscrição de ouvinte. A inscrição no minicurso tem o custo de R$10,00 e está condicionada à existência de vagas.

Pedimos a@s participantes que procurem trazer seus computadores pessoais para participar do minicurso.

 

Carga horária: 12 h/a.

 

VAGAS LIMITADAS!

Minicurso 3 - Metodologia de pesquisa com fontes inquisitoriais*

Cássio Bruno de Araujo Rocha**
Igor Tadeu Camilo Rocha***

7, 8 e 9 de abril, das 9h às 13h

Auditório Prof. Luiz Bicalho (1º andar)

** Doutorando em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista CAPES.

*** Doutorando em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG.

 

Este minicurso tem o objetivo discutir, em termos práticos, o uso de fontes inquisitoriais em pesquisas históricas. A partir da análise de documentos previamente selecionados pelos proponentes, discutir-se-á formas metodológicas de se lidar e, sobretudo, criticar tais fontes – tendo em vista as especificidades dos documentos legados pelos tribunais do Santo Ofício português.

 

As Inquisições, em geral, e a portuguesa, em específico, têm sido um tema consagrado na historiografia, muito devido à riqueza de informações presentes nas fontes produzidas pelos tribunais. A grande variedade de fontes abriu espaço para seu uso em pesquisas com objetos variados, indo desde a Inquisição em si – seu funcionamento, suas engrenagens, sua ritualística e aspectos administrativos e representacionais – até temáticas como a bruxaria, a religiosidade popular e minorias religiosas, étnicas e sexuais. Assim, a ideia central deste minicurso é colaborar para a articulação de metodologias críticas que permitam o uso de tais fontes em pesquisas inovadoras em distintas áreas da historiografia.

 

O minicurso consistirá na abordagem de diferentes aspectos da história e do funcionamento processual da Inquisição a partir do estudo prático de documentos. Na leitura destas fontes, apontar-se-á os pontos de crítica externa e interna necessários para que o seu uso não provoque anacronismos na pesquisa. Concomitantemente, destacar-se-ão temáticas da pesquisa histórica que podem enriquecer-se com o uso criterioso dos documentos inquisitoriais – como a religiosidade, o pensamento da Idade Moderna, aspectos da mentalidade, o desenvolvimento das ciências, comportamentos públicos e privados, o cotidiano no período e a sexualidade e o gênero.

 

 

* A participação neste minicurso é opcional e não está incluída na inscrição de ouvinte. A inscrição no minicurso tem o custo de R$10,00 e está condicionada à existência de vagas.
 

Carga horária: 12 h/a.

Oficina - Pesquisando de Pijama: Alguns acervos que podem ser consultados online

8 de abril, 19h às 21h

Auditório Prof. Luiz Bicalho (1º andar)

A significativa criação de novos arquivos, assim como o investimento na preservação e na restauração de documentos deram novo fôlego a iniciativas voltadas para a valorização dos manuscritos na pesquisa histórica em suas mais variadas facetas. O que mais parece ter favorecido o acesso a esse tipo de documentação são os inúmeros projetos de digitalização e disponibilização, tanto na internet como em outras mídias, como CD ROMs. Esses projetos, além de facilitarem e difundirem o acesso à documentação sem que haja um prejuízo aos documentos, tais como extravios ou danos físicos, muitas vezes sistematizam os cuidados para com a documentação no suporte não digital e sua organização.

 

Ao longo do século XIX houve na Europa a preocupação de reunir e publicar enormes corpi documentais para subsidiar o estudo de épocas, países, regiões e, até mesmo, instituições. Em um contexto marcado, entre outras características, pela emergência dos nacionalismos, esse tipo de divulgação visava ocupar um papel importante no processo de interpretação e construção das histórias e identidades nacionais. Mais do que somente trazer a público a documentação antiga, percebe-se a necessidade de realizar sua contextualização histórica e de explorar suas possibilidades enquanto fontes para o historiador, ainda que tais perspectivas fossem bastante diferenciadas da visão historiográfica atual.

 

LeGoff[i] observa que a maior parte das grandes coleções de documentos do século XIX foi concebida sob o título de Monumenta, denominação associada à ideia de monumento. Em um tempo no qual algumas pessoas entendiam os monumentos como meios para demonstrar “as raízes mais profundas e mais vivas” da ordem social, a documentação antiga passou a ser vista como repositório das memórias históricas.

 

Nos últimos anos, a emergência dos meios digitais diminuiu a frequência de publicação das Monumentae, embora elas ainda sejam importantes ferramentas de trabalho para o historiador. Desde a década de 1990, os projetos de divulgação de documentos estão focados na produção de CD ROMs e, mais recentemente, na disponibilização das imagens dos próprios manuscritos digitalizadas via internet. Essa tarefa tem sido levada a cabo, principalmente, pelos arquivos onde as fontes estão depositadas.

 

Digitalizar e disponibilizar os documentos via internet tornou-se uma forma de divulgação bem menos dispendiosa do que a produção de Monumentae, e, ultimamente, as próprias têm sido digitalizadas e colocadas à distância de alguns cliques na rede mundial de computadores, o que permite sua utilização por pesquisadores do mundo inteiro. Essa mudança na forma de acesso às fontes tem servido para aumentar a integração entre os pesquisadores. O que se observa atualmente é uma grande preocupação em fazer com que as informações circulem e estejam disponíveis em uma escala cada vez maior. Assim, além de possibilidades aumentadas de diálogo e da diversificação do repertório de fontes à disposição daqueles que já se dedicavam à pesquisa histórica, o contato mais próximo com fontes manuscritas tornou-se viável a um sem número de estudantes e profissionais que ficavam alienados dessa importante etapa da pesquisa, seja por incompatibilidade entre suas rotinas de trabalho e o horário de funcionamento dos arquivos, seja pela indisponibilidade de acervos organizados em seus locais de residência.

 

O objetivo desta oficina é apresentar as plataformas virtuais de alguns arquivos e bases de dados que dão acesso para consulta on-line gratuita e explorar suas ferramentas mais importantes para o trabalho do pesquisador.

 

 

 

[i] LEGOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990. p. 537.

 

Carga-horária: 2 h/a.

Oficina - Fotografia digital aplicada à pesquisa histórica*

Gislaine Gonçalves Dias Pinto**

9 de abril, das 14h às 18h

Sala F2080

** Mestranda em História Social da Cultura no Programa de Pós-Graduação em História da UFMG. Bolsista CAPES.

 

O domínio da câmera fotográfica é essencial para pesquisadores que possuem a possibilidade de fotografar a documentação (e/ou as obras de arte) que utiliza como fonte.

 

Saber controlar o equipamento e compreender quais recursos o mesmo possui pode facilitar o trabalho de reprodução dos documentos, mesmo que a câmera que o pesquisador tenha em mãos não seja uma profissional ou semi-profissional.

 

Esta oficina pretende auxiliar os pesquisadores a controlarem os mecanismos básicos dos equipamentos que possuem, no intuito de auxiliar seu trabalho, permitindo que com as informações passadas permita-os a produzirem boas imagens. O último tópico do programa versará acerca da edição de imagens, onde serão apresentados os recursos básicos para tratamento das fotos.

 

O conteúdo programático é o que se segue:

  • Exposição

  • Abertura do diafragma

  • Tempo de exposição

  • ISO

  • Balanço de branco

  • Foco e profundidade de campo

  • Distância focal

  • Edição 

 

* A participação nesta oficina é opcional e não está incluída na inscrição de ouvinte. A inscrição na oficina tem o custo de R$10,00 e está condicionada à existência de vagas.

A oficina terá caráter teórico e prático, desta forma, pede-se que @s oficineir@s levem seus equipamentos, e, se possível, os manuais dos mesmos.

 

Carga horária: 4 h/a.

 

VAGAS LIMITADAS!

Conferência de Encerramento: Fontes primárias para o estudo do bandoleirismo no Império Ultramarino Português

Rodrigo Leonardo Sousa Oliveira**

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Auditório Prof. Luiz Bicalho (1º andar)

Esta conferência tem por objetivo apresentar as nossas experiências com o resgate de fontes primárias sobre o universo do bandoleirismo no Império Ultramarino Português, especialmente na América Portuguesa e no Reino. Objetivar-se-á esclarecer a forma como se deu a coleta destes documentos no Brasil e em Portugal, especialmente aqueles localizados em Minas, Rio e Lisboa. Apresentaremos, igualmente, os arquivos pesquisados, sua importância e potencialidades para os estudos sobre a história social e política da colônia nos setecentos e oitocentos.

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A Oficina de Paleografia – UFMG é um projeto discente voluntário fundado no 1º semestre de 2012 e coordenado por um grupo de alunos(as) e egressos(as) da graduação e pós-graduação do Departamento de História.

 

Nosso principal objetivo é reunir subsídios e promover treinamento na leitura de fontes manuscritas pertinentes à história luso-brasileira.

 

Todas as pessoas interessadas, estudantes ou profissionais, provenientes de quaisquer instituições, da área de História ou afins, são convidadas a participar, independentemente de terem ou não experiência prévia.

Nossos encontros acontecem semanalmente às segundas-feiras, entre as 17h15 e as 18h55, na FAFICH/UFMG, campus Pampulha, Belo Horizonte - MG.

Mensagem enviada! Assim que possível entraremos em contato.

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